Processo de registro da Festa do Rosário, em Pombal, avança no Iphan

Foto: Arquivo HW COMUNICAÇÃO
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deu mais um passo no processo de reconhecimento da Festa do Rosário de Pombal (PB), no Sertão da Paraíba, como patrimônio cultural do Brasil. Em 2025, o Instituto retomou o acompanhamento técnico da manifestação, com visita à cidade para observar a vitalidade da celebração e dialogar com a comunidade local sobre a importância da preservação dessa tradição centenária.

Foto: Arquivo HW COMUNICAÇÃO
O pedido de registro da Festa do Rosário, apresentado em 2019, inclui também o tombamento da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em um pleito formulado coletivamente pela comunidade pombalense. A proposta representa o anseio da comunidade de ver reconhecido um conjunto de bens que articula dimensões materiais (como a igreja, o cruzeiro, o pátio e entorno, o sítio urbano, a Casa do Rosário, além de acervos documentais e bens móveis e integrados) e imateriais, que abrange a festa e os grupos de cultura popular.

Foto: Iphan
No caso do registro de bens imateriais, as fases do processo são as seguintes: abertura do processo; análise técnica preliminar; instrução técnica; análise técnica; e, finalmente, a decisão final, quando o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural vota o deferimento do pedido de registro.
Já para o tombamento de bens materiais, as etapas são: identificação e solicitação do bem; instrução processual (que abrange análise técnica e jurídica); notificação ao proprietário e o registro definitivo após a decisão final. A proteção pode ser concedida provisoriamente durante o processo.
“A devoção ao Rosário em Pombal constitui um complexo cultural de grande relevância, que une fé, memória e identidade. Trata-se de um patrimônio vivo, transmitido de geração em geração e que reflete a presença e a resistência da população negra no sertão paraibano”, explica arquiteta e urbanista da superintendência do Iphan na Paraíba, Christiane Finizola.

Foto: Iphan
Raízes históricas no Sertão
As tradições ligadas à devoção ao Rosário em Pombal remontam à ocupação do interior do Brasil, durante o período colonial. O município, fundado em 1698 como Arraial do Pinhancó, teve papel estratégico nas rotas de penetração empreendidas pela Coroa portuguesa rumo ao norte da Colônia.
Em 1701, foi erguida a antiga capela do arraial, substituída em 1721 pela Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, atual Igreja do Rosário dos Pretos.
Foto: IphanO templo se tornou símbolo da fé e da presença afrodescendente na região, preservando até hoje expressões culturais que conectam Pombal a outros municípios vizinhos, como Santa Luzia, Patos, Sousa, Caicó e Jardim do Seridó.
“A Festa do Rosário é um retrato da formação histórica e social do sertão. Ela traduz a convivência entre diferentes povos, indígenas, africanos e europeus, que moldaram a identidade cultural da região”, destaca Christiane.
Fé, ancestralidade e resistência
Celebrada anualmente no início de outubro, a Festa do Rosário tem como ponto alto a Procissão do Rosário, realizada no segundo domingo do mês, após dez dias de intensas atividades religiosas e culturais. Durante o período, a cidade se transforma em um grande espaço de devoção e celebração popular.
A festa vincula-se com a ancestralidade negra e com os quilombos reconhecidos no município (Rufino, Daniel e Barbosa), evidenciando a permanência de tradições que reafirmam a história de luta e fé das populações locais.
A celebração mobiliza toda a cidade: moradores, fiéis, comerciantes e pessoas que retornam ao município para participar das celebrações e festividades. Nas ruas e praças, o patrimônio edificado e o patrimônio imaterial se encontram — a Igreja do Rosário, o Pátio e Cruzeiro, a Casa do Rosário e o casario histórico se tornam cenário para os rituais, as danças, as músicas e as expressões de fé que caracterizam a festa.
“O reconhecimento da Festa e da Igreja do Rosário da Festa do Rosário é um passo fundamental para o fortalecimento da política de preservação integrada dos bens culturais de Pombal. É o reconhecimento da força simbólica e da vitalidade de uma celebração que traduz a diversidade e a resistência do povo sertanejo”, conclui Christiane Finizola.
HW COMUNICAÇÃO
Fonte: IPHAN
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