Repórter quase é detido à força e caso escancara abuso de autoridade e tentativa de intimidação ao jornalismo

O que era para ser apenas mais uma reportagem de defesa do consumidor terminou em um episódio grave, perturbador e profundamente simbólico do risco que o jornalismo enfrenta nas ruas da Paraíba.
Na segunda-feira (15/12/2025), durante a gravação do programa Ronda do Consumidor, em Campina Grande, o repórter Carlos Santos foi alvo não apenas da hostilidade de uma gerente de loja, mas também de uma conduta policial questionável, desproporcional e incompatível com o Estado Democrático de Direito.
Segundo relatos e imagens que circulam nas redes sociais, a gerente do estabelecimento adotou uma postura agressiva e ofensiva, tentando constranger, desqualificar e inviabilizar o trabalho jornalístico, um comportamento recorrente quando interesses comerciais se sentem ameaçados pela transparência. Até aqui, já se trata de uma afronta à liberdade de imprensa.
O episódio, no entanto, se torna ainda mais grave quando a Polícia Militar é acionada com informações falsas, alegando que o repórter teria agredido a gerente. Trata-se de uma acusação séria, que, se confirmada, exigiria providências legais. O problema é que as próprias imagens desmentem completamente essa versão.
Mesmo diante de provas visuais claras de que não houve qualquer agressão por parte do jornalista, um policial tentou detê-lo de forma ríspida e autoritária, numa atitude que beira o abuso de poder. A ação só não foi consumada porque outros integrantes da guarnição intervieram, evitando que o constrangimento se transformasse em prisão arbitrária.
É preciso dizer com todas as letras: não cabe à polícia intimidar jornalista, não cabe à polícia agir com base em versões unilaterais e falsas, não cabe à polícia desconsiderar provas para sustentar uma narrativa conveniente.
Quando um agente do Estado ignora imagens, fatos e o direito constitucional à livre imprensa para agir pela força, o que se tem não é zelo pela ordem, mas desvio de conduta.
O caso levanta questionamentos urgentes:
· Por que uma denúncia claramente infundada foi acolhida sem o mínimo de cautela?
· Por que a palavra de uma gerente exaltada teve mais peso que registros em vídeo?
· Onde fica o preparo emocional e técnico do policial para lidar com a imprensa?
A liberdade de imprensa não é concessão, é garantia constitucional. Jornalista não é inimigo público, nem pode ser tratado como suspeito automático quando incomoda interesses comerciais ou políticos.
O episódio em Campina Grande não pode ser tratado como “mal-entendido”. Ele expõe uma lógica perigosa: a tentativa de calar o jornalismo pela intimidação, seja por empresários exaltados, seja, o que é ainda mais grave, por agentes armados do Estado.
Espera-se que a Polícia Militar da Paraíba apure rigorosamente a conduta do policial envolvido e que o comando da corporação reafirme, de forma clara e pública, seu compromisso com a legalidade, a verdade dos fatos e o respeito à imprensa.
Porque quando a polícia se volta contra o jornalismo, não é apenas um repórter que está em risco, é o direito da sociedade à informação.
Veja o vídeo abaixo
HW COMUNICAÇÃO
Fonte: Janemarcio da Silva
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